Q: Pode contar a história por detrás do seu negócio?
“Esta ótica já existia. Foi fundada em 1987, salvo erro. Eu trabalhava noutro estabelecimento e depois fiquei com esta para trabalhar à minha maneira e evoluir. Não quis abrir mais uma ótica. Preferi pegar numa e torná-la um bocadinho melhor. E portanto, estamos abertos desde julho de 2019.”
Q: Qual foi o percurso profissional que a levou até aqui?
“Eu trabalho desde 2006. Comecei a trabalhar ainda sem ter terminado o curso. Na altura, o meu curso era de cinco anos e tinha estágio integrado. Eu fiquei com uma cadeira pendurada e por essa razão quis arranjar emprego. Estava à procura de alguma coisa para me ajudar a pagar propinas, como qualquer jovem faz. Acabei por conseguir arranjar no ramo da ótica e fiquei nesse trabalho durante 13 anos.
Atualmente estou a trabalhar por minha conta. Acho que se chega a uma altura em que queremos trabalhar como nós gostamos e tomar as nossas próprias decisões. Quando somos funcionários de alguém, muitas das vezes temos que nos orientar pelas ordens que temos. Foi por isso que eu decidi deixar de estar a trabalhar para alguém e começar a trabalhar por conta própria.
Em relação ao curso, porque é que eu escolhi optometria? Eu queria alguma coisa que tivesse relacionada com saúde. A optometria chamou-me à atenção e foram as duas primeiras opções que concorri, para a Universidade de Braga e para aqui. Eu sou do Norte, de Monção, mesmo perto da fronteira com a Espanha. Acabei, depois, por aterrar na Covilhã e há 23 anos que estou cá.”
Q: Quais foram os obstáculos ultrapassados que hoje definem a resiliência do seu negócio?
“Um dos problemas foi a localização. A rua é a mesma, mas estávamos no 121 e tivemos que mudar para aqui, no 109. Houve uma situação com o bar fora de horas, que era por cima. Eles abriam sempre quando queriam. Basicamente, eu fiz ali um investimento não assim tão pequeno e tive de voltar a fazer no ano passado.
Para além disso, houve a pandemia. Abrimos em julho de 2019 e a pandemia foi em 2020/2021. Digamos que não foi a melhor altura para abrir. Nós tivemos dias em que foi preciso ficarmos fechados. Também reduzimos imenso o horário. Vínhamos às 10h30 e fechávamos às 17h. Eu e a minha colega, a Dra. Verónica, vínhamos trabalhar alternadamente. Não foi fácil e não é fácil, mas estamos cá para trabalhar.”
Q: A sua ótica deixa uma marca inovadora na Covilhã. Quais são os pontos altos de estar a trabalhar nesta cidade?
“Principalmente, o ponto alto é as pessoas conhecerem-se quase todas umas às outras. É como se fosse uma aldeia grande. Uma pessoa sai de manhã de casa e diz «olá, bom dia» a toda a gente e isso depois reflete-se no negócio. As pessoas vêm cá porque nos viram, nos conhecem daqui das redondezas e passam a palavra num meio pequeno, o que é ótimo. Acho que é a grande vantagem de ser uma cidade pequena. Desde que se faça um bom trabalho, o passa-a-palavra é excelente.
A Covilhã também é uma cidade pequena e tem tudo o que a gente precisa. É tranquila, calma. E acho que é uma boa cidade para se constituir família.”
Q: Tendo em consideração os diversos desafios e dificuldades que o comércio tradicional e local enfrenta na atualidade, quais são as suas perspetivas para o futuro?
“Em relação à ótica, eu quero cada vez mais melhorar este espaço em termos de máquinas e de especialização, ou seja, dentro da optometria. Há muitas lacunas, digamos assim, aqui na Covilhã. Há falta de muitas vertentes de optometria e há muitas que podemos melhorar. Não sou uma pessoa que pretende abrir outras lojas. Não, muito pelo contrário. Quero manter esta e melhorá-la no sentido de adicionar mais serviços e de apostar no melhor atendimento.”