Q: Pode contar a história por detrás do seu negócio?
“A pastelaria foi aberta em família. Somos quatro sócios da família: o meu pai, a minha mãe, eu e a minha irmã. Abrimos no Tortosendo em 1997. Fizemos 25 anos no ano passado. Cinco anos depois, abrimos aqui na Covilhã (em 2003). Portanto, fizemos também este ano 20 anos. Iniciámos a atividade no Tortosendo e depois alargámos aqui à Covilhã. O ramo é o mesmo: padaria-pastelaria de fabrico próprio, com venda no balcão e parte de cafetaria.”
Q: Qual foi o percurso profissional que o levou até este estabelecimento?
“Eu ainda andava a estudar e desde pequenino que já gostava sempre de andar com o meu pai. Eu no Tortosendo ainda ia lá, mas andava a estudar, por isso só nas férias ou nos fins de semana. Quando acabei os estudos é que abrimos na Covilhã, sendo que fui eu mesmo que abri. Na altura, por acaso, o meu pai até ficou no Tortosendo com a minha irmã. Mas depois, como o negócio cresceu mais na Covilhã e a população é maior, o meu pai veio para cá e atualmente estamos cá os dois. A minha irmã ficou lá com os funcionários a tomar conta da pastelaria no Tortosendo.”
Q: Quais é que foram os obstáculos ultrapassados que hoje definem a resiliência do seu negócio?
“Temos uma boa equipa e estamos sempre a inovar com produtos novos, mas já tivemos alguns obstáculos. No Tortosendo tivemos algumas dificuldades porque quando vivíamos lá as confeções eram todas na avenida. E não existia o TCT para fazer o circuito das aldeias para a Covilhã. Esse foi o primeiro grande entrave do Tortosendo. E depois muitas empresas de confeção encerraram e as poucas que sobreviveram foram para o Parque Industrial.
Atualmente, o Tortosendo tem basicamente as pessoas que lá residem e pouco mais. A Covilhã não. A Covilhã é diferente, tem vindo sempre a crescer. Temos a universidade e mais serviços. Outra das dificuldades que tivemos foi a pandemia, mas isso afetou toda a gente, e os produtos estarem mais caros.”
Q: O seu comércio criou raízes na Covilhã. Quais são os pontos altos de estar a trabalhar nesta cidade?
“Nós já eramos conhecidos do Tortosendo porque somos uma empresa com alguma história. Uma das vantagens é o nosso padrão de qualidade. Trabalhamos com os mesmos funcionários há muito tempo e, portanto, as pessoas estão habituadas pela qualidade dos nossos produtos e porque sabem que vão ver sempre o mesmo funcionário. Clientes e funcionários já são da antiguidade, já se conhecem praticamente uns aos outros.”
Q: Tendo em consideração os diversos desafios e dificuldades que o comércio tradicional e local enfrenta na atualidade, quais são as suas perspetivas para o futuro?
“Acho que o futuro próximo não vai ser muito favorável. Nós temos os clientes habituais e eles ainda consomem. Agora não sei é se, as coisas ao continuarem assim, se as pessoas poderão continuar a consumir como consomem.
Os produtos estão muito caros, veio a pandemia, agora é a guerra, as prestações das casas aumentam e uma pessoa ouve os clientes comentarem. As rendas estão muito caras, mesmo para os estudantes. Nós quando abrimos aqui eles vinham todos os dias. Agora acabam por levar o pão e o fiambre para casa; já não têm dinheiro para vir tomar o pequeno-almoço e o lanche todos os dias à pastelaria. Mas pronto, graças a Deus não nos podemos queixar porque o negócio está bom.”